Você já parou para pensar o quão difícil é mudar hábitos, rotinas, estilo de vida e até mesmo a maneira como pensamos e agimos? A sociedade contemporânea nos coloca constantemente frente a novos desafios, mudanças e transformações que promovem uma provisoriedade das formas de viver, ser e pensar. Mas qual impacto que isto tem em nossa vida? Como estas transformações afetam a nossa subjetividade?
O impacto que as novas tecnologias de informação e comunicação, as mudanças socioculturais e das legislações que atingem o mundo do trabalho, a família e a sociedade como um todo exige um processo de adaptação ao novo. No entanto, apesar de cada vez mais ouvirmos o quanto é necessário estarmos abertos a mudanças, este processo não é uma tarefa simples. Muitas vezes a pessoa até deseja modificar aspectos da sua vida, do trabalho ou da forma de se relacionar mas não consegue.
Sob o ponto de vista psicológico nem sempre estas mudanças são vistas como sendo algo positivo, mas, ao contrário podem ser consideradas e vivenciadas como um evento traumático e assustador e até mesmo trazer à tona conflitos vivenciados anteriormente. Por si só, toda a mudança traz tempestade, confusão, incertezas que podem ser vividas de diferentes formas. Para algumas pessoas há maior facilidade para interagir com a nova situação enquanto outras poderão ter dificuldades frente a tal modificação.
Desde o nascimento somos influenciados por forças denominadas de pulsões, que sob o ponto de vista psicanalítico nos impulsionam para agir de uma determinada maneira e interagir com estas novas situações. A "pulsão de morte", como foi denominada por Freud, nos desconecta dos nossos desejos e sonhos e nos leva a estagnação. Por outro lado, a "pulsão de vida" nos coloca em movimento, em transformação e frente a construções alinhadas aos nossos desejos, nos levando a construção de nossa subjetividade.
Geralmente, as pessoas se sentem confortáveis com o jeito que estão acostumadas a fazer as coisas e tendem a resistir às mudanças. No entanto, pessoas mais flexíveis e menos rígidas tendem a reagir melhor às mudanças, mas outros fatores também influenciam neste processo e precisam ser considerados. Além da personalidade da pessoas, seus conflitos e condições emocionais é primordial, reconhecer que os valores que ela assume, o grau de escolaridade, o seu histórico de vida de uma pessoa, bem como o contexto sociocultural também interferem neste processo.
Para finalizar lembro das palavras de Guimarães Rosa que diz em sua obra " Grande Sertão Veredas": "o importante é bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam" Mudar, muitas vezes é necessário, mas tudo tem seu tempo!